domingo, 30 de dezembro de 2018

A crise da palavra e as Categorias de Aristóteles

  • Neste apontamento procuramos mostrar que a crise atual da palavra não está desligada do modo como concebemos e interpretamos os conceitos/termos básicos da linguagem. Daí a necessidade de regressarmos à doutrina aristotélica das Categorias, um texto fundamental para a Lógica.
  • O apontamento foi publicado no Jornal "Diário do Minho" (Braga), em 26.12.2018, p. 16. Mas está também disponível (em livre acesso) na edição digital - clique aqui
  • Relacionado com o mesmo assunto, recomendamos, também, a leitura do "Prefácio" ao fascículo 3 (2018) da Revista Les Études Philosophiques, com tradução e adaptação feita por nós. 
  • Foi a publicação deste fascículo que deu o mote ao nosso apontamento.

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"CATEGORIAS DA LÍNGUA, CATEGORIAS DO SER" / "PREFÁCIO"
Kristell Trego. 
“Catégories de langue, catégories de l’être” - “Avant-Propos” 
in Les Études philosophiques, 2018, 3, pp. 337-338
(trad.e adaptação de Carlos B Morais)
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[337] Se as categorias são modos de predicação, não corresponderão elas à estrutura do discurso, bem longe de se conformarem à ordem do real? Um tal questionamento foi certamente muito vivo, quando, no séc. XIX, Adolf Trendelenburg sustentou que as categorias retomavam distinções gramaticais, mas que visavam também conteúdos conceptuais. Desde a sua lição inaugural, (…) convida a ultrapassar a origem gramatical das categorias, para reconhecer a maneira como elas se referem à própria natureza das noções. Conhece-se o debate que o oporá a H. Bonitz. O séc. XX recebeu a herança. No seu artigo «Catégories de pensée et catégories de langue», inicialmente publicado há 60 anos na revista Etudes philosophiques (1958), E. Benveniste retomou a questão para afirmar: «Na medida em que as categorias de Aristóteles se reconhecem válidas para o pensamento, revelam-se como a transposição das categorias de língua. É o que se pode dizer que delimita e organiza o que se pode pensar» (Problèmes de linguistique générale, Paris, Gallimard, 1966, p. 70).
Tal como Kant não foi o primeiro a procurar uma ordem das categorias (contra o seu pretendido carácter rapsódico), a questão das relações das categorias à língua, ao pensamento, mas também ao real, não nasceu com Trendelenburg. Uma tal questão ritma a história da receção das categorias. A exegese neoplatónica grega fornece a moldura: as categorias serão palavras, conceitos, ou coisas? Não é necessário enfatizar uma resposta, em detrimento das outras: as categorias não seriam de facto, como nos convida a pensar Simplício, palavras significando conceitos, e remetendo a coisas? 
O presente caderno pretende esclarecer a tese de Trendelenburg, retomando uma certa história das categorias que aí vê uma fala (une parole) sobre o ser. Mais do que [338] uma alternativa entre categorias da língua e categorias do pensamento, as categorias confronta-nos, para além das palavras que as dizem, com uma certa maneira de perspetivar o real. As contribuições que vamos ler propõem examinar a maneira como as categorias não se deixaram reduzir à determinação linguística que as viu nascer. Atentos à linguagem na qual se dizem as categorias, os autores (dos trabalhos deste caderno) encontraram-se confrontados com o problema da língua das categorias. As categorias aristotélicas, assim traduzidas em diversas línguas e de diversas maneiras, não se poderiam deixar restringir à língua grega que as viu nascer. O seu confronto com a gramática conduziu de facto a exibir uma dimensão inteligível das categorias, irredutível a factos da linguagem.
Num quadro teológico, ou na juntura da lógica e da metafísica, a doutrina das categorias viu-se retomada para apreender o que é nas suas diferentes facetas. Veremos em Bizâncio Photius servir-se das categorias para pensar a predicação da humanidade a tal homem singular, tal como [a predicação] da divindade a Deus. Examinaremos, no território do Islão, a retoma de um questionamento neoplatónico acerca da simplicidade ou composição das dez categorias. Descobriremos igualmente um reinvestimento da doutrina das categorias promovendo o conceito de «coisa» para apreender o que é. Perspetivaremos, em terra latina, uma reflexão sobre a dimensão lógica ou metafísica da ciência categorial. Prestaremos atenção, na Inglaterra do séc. XVIII, à retoma de um questionamento categorial para combater o inatismo de Locke e afirmar a atividade do espírito. Consideraremos de seguida as múltiplas maneiras propostas por Brentano para pensar as categorias e constituir uma ontologia. Regressaremos a Trendelenburg e olharemos para a leitura que ele efetuou em 1846 do questionamento iniciado na sua lição inaugural, sobre a programação das categorias.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

"A Imaginação ao Poder"?

Cartaz do Colóquio
Nos dias 12 e 13 de novembro de 2018 realizou-se, na Universidade do Minho (Braga), a XXª Edição do Colóquio de Outono, Conferência Internacional, dedicada ao tema "Paz e Liberdade. Visões, Discursos, Manipulações" ("Peace and Freedom. Visions, Discourses, Manipulation").
No âmbito deste evento, tive a grata oportunidade de apresentar uma Comunicação, intitulada "A imaginação ao poder"?, na qual pretendi questionar até que ponto a imaginação, à luz da análise estética, é a faculdade mais bem posicionada para lidar o poder, como se podia ler no slogan programático dos revolucionários de Maio de 68, em Paris.
Após a apresentação da Comunicação, seguiu-se, como é habitual, um breve mas enriquecedor diálogo com os participantes.

A quem interessar, aqui fica o resumo da intervenção.

RESUMO:
Ainda que não seja um dado suficientemente conhecido e divulgado, o filósofo Mikel Dufrenne teve com os acontecimentos parisienses de maio de 68, uma relação verdadeiramente sintomática, e por isso mesmo, complexa, quer do ponto de vista ideológico, como sobretudo – que é o que aqui nos interessa – do ponto de vista estético e filosófico. Nesta comunicação pretendemos focar um ângulo dessa complexidade, mostrando que, por um lado, o ambiente cultural então vivido abriu a sua reflexão estética para a compreensão da dimensão social e política da arte e da experiência estética, de um modo como ainda o não tinha conseguido nas obras dos anos 50. Mas, por outro lado, precisamente porque se tratava de refundar o alcance produtivo e revolucionário da arte na realidade envolvente, a categoria catalisadora não poderia centrar-se na "imaginação", por muito importante que esta faculdade mental se revelasse, e que a notada expressão “A imaginação ao poder” pretendia endeusar. Não temos conhecimento de que Mikel Dufrenne tenha contestado diretamente aquele slogan, mas as suas reticências à sobrevalorização do estatuto e do papel da "imaginação" são deveras importantes, dado que nos permitem inferir critérios hermenêuticos de avaliação da relação da arte com o poder, da estética com a política. É também uma outra maneira de revisitarmos os fundamentos da potência subversiva – neste sentido revolucionária – da arte. Daí a eleição da obra estética de Mikel Dufrenne nesta comunicação. 

in: "Livro de Resumos"
Programa do Colóquio 

CEHUM-ILCH - Universidade do Minho, Braga, 12 de novembro de 2018

terça-feira, 12 de junho de 2018

"Os desafios da representação gráfica: aspetos teóricos e práticos", de Artur Miguel Sousa Basto


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É com muita satisfação que divulgo o trabalho do Arquiteto Artur Miguel de Sousa de Basto, intitulado Os desafios da representação gráfica: aspetos teóricos e práticos, publicado pela Editora Novas Edições Académicas. 
Trata-se de uma publicação que corresponde integralmente ao trabalho de Mestrado apresentado à Universidade Católica Portuguesa que tive o prazer de orientar, no âmbito do 2º Ciclo em Ensino de Artes Visuais, da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais (Braga). 
Apresentamos os nossos parabéns, de novo, ao seu Autor e também à Editora, pois trata-se de um estudo de grande interesse científico e pedagógico, centrado na análise e exemplificação da representação gráfica nos seus processos de perceção, registo e construção mental. 
É reconhecidamente uma temática de grande importância no ensino e aprendizagem das artes visuais, tendo presente as manifestas dificuldades sentidas pelos jovens alunos, quando se deparam com as primeiras exigências da representação espacial das formas, volumes, sombras, profundidade. Este trabalho ajuda a desbloquear essas dificuldades.

Resumo
O Relatório da prática pedagógica evidencia que os alunos adolescentes manifestam dificuldades na representação gráfica de formas, volumes, sombras, profundidade…
A razão fundamental destas dificuldades reside na execução imprecisa do processo sequencial de perceção, registo/construção mental e representação gráfica.
Investigamos os momentos desse processo, recorrendo a instrumentos fundamentais produzidos por Rudolf Arnheim, Donald Hoffman e Phil Metzger.
O enquadramento teórico determinou uma intervenção pedagógica de operacionalização de estratégias de questionamento da qualidade da observação, bem como de promoção de reflexões sobre a mesma. Os alunos evidenciaram o seu entendimento de que o cumprimento desta primeira fase de forma audaz alavanca-nos para um registo mental mais qualificado da matéria observada.
Aplicamos técnicas de representação gráfica, de promoção de uma observação sagaz e de um entendimento majorado da representação das formas, dos volumes e das sombras. No decorrer dos exercícios propostos, os alunos foram alertados para a dificuldade dos erros/ilusões visuais que estremecem o discernimento visual e podem provocar distorções da realidade observada.
Em função dos resultados decorrentes dos exercícios propostos ao longo do ano letivo e dos inquéritos de avaliação registados, a investigação permitiu constatar uma evolução dos alunos na qualidade da observação e na destreza de gestos.

Palavras-chave
Perceção, Entendimento, Inteligência visual, Representação gráfica.

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Oratórios de Fafe estudados por Cátia Fernandes

REPOSIÇÃO DE NOTÍCIA

No ano letivo de 2011-2012 (IIº semestre) tive a satisfação de supervisionar o Estágio realizado
pela aluna Cátia Vanessa Alves Fernandes, realizado no Museu de Alberto Sampaio – Guimarães, no âmbito do Curso de Licenciatura em Estudos Artísticos e Culturais da Faculdade de Filosofa da UCP (Braga). Foi Co-Orientador desse estágio, por parte da Instituição acolhedora, o Dr. Manuel de Sampayo Pimentel Azevedo Graça, Diretor do Museu.
Dentre o plano de atividades da estagiária, destaco a elaboração de um trabalho de pesquisa sobre os Oratórios usados pelas famílias na região de Fafe. Mais tarde acompanhei a aluna, já licenciada, na redação de uma síntese dessa pesquisa, tendo sido publicada no Jornal "Diário do Minho" - Suplemento Cultura, em 13 de Novembro de 2013, p. II.
[Esta notícia foi anteriormente publicada no site do Curso, no endereço: http://www.eacfacfil.net/?p=4735 (19 de Novembro de 2013 @ 01:01:08)]



quarta-feira, 25 de abril de 2018

Estudos Artísticos e Culturais: Um Conceito de Formação numa Área Inovadora

REPOSIÇÃO DE NOTÍCIA

Nota: Durante cerca de 10 anos, até ao ano letivo de 2013-2014, a Faculdade de Filosofia da Universidade Católica (Braga) lecionou o Curso de Licenciatura em Estudos Artísticos e Culturais. Estive ligado a esta formação superior, não apenas como docente, mas também como coordenador adjunto e depois como coordenador.
Dos diversos materiais publicados sobre este inovador Curso, republicamos aqui, para quem estiver interessado neste tema, o texto no qual identificávamos, então, o perfil formativo do aluno, competências, objetivos e saídas profissionais.

Apresentação

A Licenciatura em Estudos Artísticos e Culturais está adequada aos requisitos da Declaração de Bolonha para o Ensino Superior na Europa. É uma formação de “banda larga” proporcionando aos seus alunos sólidos conhecimentos das áreas artísticas e culturais e a aquisição de competências fundamentais para o vasto conjunto de actividades profissionais ligadas aos bens culturais, ao património artístico e cultural.
O património artístico e cultural, na diversidade das suas expressões, é uma vasta área em crescente processo de valorização, sendo reconhecida a sua enorme repercussão no desenvolvimento humano, social, territorial e no tecido económico das populações. Em seu redor têm-se desenvolvido um conjunto de ”novas profissões” muito diversificadas, todas elas requerendo o estudo das artes e dos bens culturais nas suas principais vertentes: nos seus processos de criação, nos universos da sua significação, seus processos de percepção, de fruição e de contemplação, seus modos de circulação, de comercialização/marketing e consumo, suas incidências sociais, psicológicas, educativas, seus aspectos jurídicos, económicos e de gestão.
Entre aquelas profissões contam-se as de: Director artístico; Programador e gestor de projectos culturais; Director e Conservador de museus; Animador, organizador e mediador de eventos artísticos e culturais; Crítico de arte e da cultura; Curador de exposições, mostras, feiras de arte; Educador cultural; Antiquário; Galerista; Promotor do património cultural nas novas indústrias criativas e de conteúdos e no turismo cultural (estudo e elaboração de projectos e roteiros turísticos); Criador de projectos de aplicação dos bens culturais para o desenvolvimento social, económico e a criação de riqueza; Investigador nas referidas áreas científicas, podendo prosseguir estudos pós-graduados (Mestrado e Doutoramento).
Todas estas actividades, próprias das “novas profissões da arte e da cultura”, requerem competências e conhecimentos aprofundados de diversas áreas do saber, muita e diversificada experiência, criatividade e talento pessoal. Estas actividades poderão ser desenvolvidas em diversos órgãos e instituições: na Administração Central, nas Câmaras e Juntas de Freguesia; Museus e Escolas; Associações Culturais, Casas da Cultura, Teatros, Centros Culturais e Centros Cívicos; Organismos da Igreja (Paróquias, Misericórdias, etc.,); Empresas e Organizações públicas e privadas; Gabinetes de Assessoria e Comunicação; Órgãos de Comunicação Social.
Cuidando da formação teórica do aluno, a Licenciatura em Estudos Artísticos e Culturais aposta na sua exercitação prática, reforçada por dois Estágios Curriculares, Ateliers, Oficinas e pelo Seminário de Elaboração de Projecto, previstos no plano de estudos.
Neste website estão particularmente documentadas estas componentes práticas do Curso, visíveis nos trabalhos e projectos realizados pelos alunos em diversos Museus, Centros Culturais e Educativos, Câmaras, Juntas de Freguesia, Empresas Municipais, Órgãos de comunicação social, etc.
O enriquecimento cognitivo e experiencial que esta Licenciatura faculta aos alunos, só é possível graças a uma concepção do ensino-aprendizagem como processo centrado na pessoa do aluno, apostando numa formação personalizada, no contacto directo entre professores, orientadores e alunos – apanágio do Projecto Pedagógico da Faculdade de Filosofia.
Estas metodologias são fundamentais na edificação do aluno como pessoa e como profissional capaz de intervir com competência e deontologia no complexo e multifacetado universo artístico-cultural, ancorado numa sólida visão humanista dos problemas, da sociedade e da vida.

Principais objectivos

Formar quadros superiores capazes de interpretar reflexiva e criticamente os desafios da arte e da cultura na sociedade actual.
Qualificar agentes capazes de transformar o conhecimento teórico-prático das artes e dos bens culturais em actividades profissionais de intermediação cultural.
Fornecer as ferramentas necessárias para o estudo, valorização e difusão do rico e diversificado património histórico, cultural, artístico, material e imaterial português, bem como contribuir para uma política de afirmação da especificidade da arte e cultura portuguesa num mundo marcado cada vez mais pela globalização.
Possibilitar aos estudantes um itinerário científico-pedagógico coeso e abrangente, capaz de criar estímulos ao prosseguimento de estudos, em ordem ao IIº Ciclo.
Garantir uma formação cultural de sólida base humanista e filosófica, que permita aos licenciados adquirir e incrementar uma visão integral da pessoa humana, orientada para a liberdade e para a responsabilidade.

Saberes e conhecimentos oferecidos pelo Curso

História das correntes artísticas e dos movimentos culturais.
Principais problemas estéticos, com particular incidência nas linguagens e expressões da actualidade.
Instrumentos de abordagem da arte e da cultura, nas suas inscrições filosóficas e simbólicas, psicológicas, sociológicas e pedagógicas.
Relação da arte e da cultura com os meios de comunicação.
Papel das artes e dos bens culturais nas sociedades do lazer – mediações ocupacionais criativas para os diversos níveis etários.
Concepção de projectos de animação artística e cultural, sua planificação, produção e gestão.
Incidências da arte e das actividades culturais na economia e no desenvolvimento sustentável das sociedades, com particular atenção às questões do mercado da arte e das novas indústrias da cultura.
Principais aspectos organizacionais das instituições públicas e privadas de arte e cultura, com especial incidência nos aspectos do seu funcionamento, gestão, enquadramento.
Articulações interdisciplinares internas ao domínio das ciências da arte e da cultura.

Saber-fazer nas seguintes áreas

Programação, organização, promoção e animação de eventos de arte e cultura (de índole ocupacional, formativa, de desenvolvimento pessoal ou de integração).
Crítica de arte e da cultura.
Aplicações da arte e da cultura na esfera educacional, afectiva, social e profissional.
Interpretação e valorização do património cultural material e imaterial.
Produção de conteúdos para as indústrias criativas e turismo cultural.
Concepção e direcção de projectos culturais.
Gestão de instituições artísticas e culturais, assessoria e comunicação cultural.
Empreendedorismo e serviços nas áreas artísticas e culturais.
Aplicação dos bens culturais nos mecanismos do desenvolvimento social, económico e da criação de riqueza.
Consultoria em arte e cultura no seu enquadramento jurídico – relação entre direito e bens culturais.
Mercado da arte e dos bens culturais.
Investigação nas áreas de conhecimento do curso: ciências da arte, ciências da cultura, ciências humanas e filosóficas.

Organismos e instituições onde o aluno poderá trabalhar

> Museus, Casas da Cultura, Centros Cívicos, Centros Culturais e Teatros.
> Fundações Culturais,  Associações Culturais e Recreativas, ATL’s e OTL’s.
> Empresas de promoção de eventos e produtos culturais, de animação sócio-cultural (congressos, conferências, concertos, festivais, exposições, mostras, concertos).
> Empresas e Instituições de Turismo.
> Instituições de Ensino, Jardins de Infância e Centros de Terceira Idade, Centros de Reabilitação, Gabinetes de orientação psico-pedagógica.
> Comércio de Antiguidades, Leiloeiras e Galerias de Arte.
> Sectores culturais das Empresas (Bancos, Imobiliárias, Hotéis).
> Órgãos de comunicação social: comunicação cultural e crítica de arte em revistas, jornais, rádio, Web, Tv’s…).
> Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia: Pelouros da Cultura, do Ambiente e Empresas Municipais (Equipamentos Culturais e Dinamização Cultural).
> Instituições da Igreja com responsabilidade na área do bens artísticos e culturais (Paróquias, Misericórdias).
> Institutos da Administração Central ligados à área da Cultura.
> Empresas de consultoria/assessoria nas áreas da Arte e Cultura.
> Indústrias de conteúdos culturais e criativas.
> Organismos de investigação teórica e aplicada nos domínios do pensamento estético, filosofia e ciências da arte, ciências da cultura nas instituições de ensino superior, universidades, empresas e centros de investigação públicos e privados.
Texto originalmente publicado no site do Curso de EAC, nos endereços: 
http://www.eacfacfil.net/?page_id=1086http://www.eacfacfil.net/?page_id=358;  http://www.eacfacfil.net/?page_id=364 
9 de Agosto de 2010 @ 14:47:12; 16 de Junho de 2010 @ 19:46:55; 16 de Junho de 2010 @ 19:58:00 

Vídeo de Apresentação

segunda-feira, 26 de março de 2018

Religião e Ciência

  • A questão sempre atual e não menos polémica da relação entre "Religião e Ciência".
  • A quem interessar, convido a ler o apontamento que publiquei no Jornal Diário do Minho, no dia 04 de março de 2018 (p. 16), sob o título: "A Bíblia nos laboratórios da Ciência".
  • Também pode ser lido no site do Jornal Diário do Minho, no endereço: https://www.diariodominho.pt/…/a-biblia-nos-laboratorios-d…

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Uma exposição sobre o tema da exposição: "O que é uma exposição?"

REPOSIÇÃO DE NOTÍCIA


Notícia sobre a exposição dedicada ao tema "O que é uma exposição?", que esteve patente na Faculdade de Filosofia em junho de 2007.

No átrio da Faculdade de Filosofia da Universidade Católica/Braga está patente uma exposição sobre o tema "O que é uma exposição", organizada por Flora Oliveira, aluna do Curso de Estudos Artísticos e Culturais, planeada e realizada no âmbito da componente prática da Unidade Curricular designada Seminário em "Empreendedorismo e actividades no sector artístico e cultural".

Tendo investigado a temática da "exposição" como linguagem e meio de comunicação, na linha do trabalho desenvolvido por Ángela García Blanco, a aluna apresenta, de uma maneira bastante didáctica, os diferentes tipos de exposições: permanente, itinerante, temporária, móvel e portátil, bem como os exemplos de conteúdos expositivos: arte, antropologia, ciências, história e tecnologia... São também abordadas formas de circulação, de desenho e montagem de uma exposição, os métodos de iluminação e os dispositivos de apoio e de suporte. Toda esta informação está adequadamente documentada com imagens.
Convidam-se os agentes culturais, os profissionais da área da cultura, bem como todos os interessados a visitar esta original exposição.

(Notícia publicada anteriormente no endereço http://www.eacfacfil.net/?p=4932, em 08 de jullho de 2014; publicação original em 25 de Junho de 2007)

domingo, 7 de janeiro de 2018

Deuses e deusas da mitologia grega

REPOSIÇÃO DE TRABALHO

Texto de Samuel F. Beirão, aluno do 1º ano da Licenciatura em Filosofia. Realizado no âmbito da Unidade Curricular de Filosofia Antiga, a propósito do documentário “Os deuses e deusas da mitologia grega”, de Bram Rosse (material didático do Capítulo: Condições favoráveis ao aparecimento da Filosofia na Grécia"). 

Universidade Católica – Braga, 10.12.2009

A análise a este documentário vem no seguimento do estudo dos pré-socráticos, na disciplina de História
Os Doze Deuses Olímpicos
             Nicolas-André Monsiau,finais do séc. XVIII
da Filosofia Antiga. Este documentário pode dividir-se em duas partes: a religião grega e as suas repercussões no mundo romano e no cristianismo.
Antes de tudo, as Graças deram a beleza ao homem e as Musas as suas características. As Musas, filhas de Zeus e Mnemósine e habitantes de Olimpo, aparecem pela primeira vez no “Hino às Musas”, da Teogonia, de Hesíodo (1-115). São nove: a mais velha, Calíope, Clio, Euterpe, Talia, Melpómene, Terpsícore, Erato, Polímnia, Urânia. . Calíope sempre foi tida como a mais notável, a companheira dos reis, a que inspirava na administração da justiça. Às outras, pela sua fama de inspiradoras, foram-lhes atribuídas as artes, na época romana tardia. Assim, Calíope ficou com a Épica heróica; Clio, com a História; Euterpe, com a Música; a Comédia foi dada a Talia; a Tragédia, a Melpómene que, subsidiariamente, era a Musa do Canto e da Música; a Dança era a arte de Terpsícore; a Poesia Lírica, de Erato; a Mímica pertencia a Polimnia; e a Astronomia, a Urânia.
Os gregos tinham muito orgulho na forma humana, por isso atribuíram-na também aos deuses. Os deuses faziam o que lhes apetecia, eram superiores, mas estavam sujeitos às mesmas paixões, falhas e fraquezas que os homens. E estes tinham de refrear os seus apetites, por temor aos deuses, que não eram perfeitos, mas poderosos. Aliás, os homens criticavam os deuses.
Como vemos, o homem grego teve necessidade de criar estas entidades superiores para reger as suas relações sociais, a quem agradecer os seus dons e a quem atribuir as culpas dos seus males.
As Cidades-Estado gregas eram autónomas, embora tivessem língua, cultura e comércio comuns. Isto possibilitou que existissem deuses comuns a todas as Cidades e deuses privados. Temos Atena, Zeus, Hermes, Hera, Eros, Efesto, Poseidon, Pan, Artémis, Demeter e tantos outros, cada um com as suas características, as suas histórias, os seus poderes e vinganças. Até havia um altar para venerar o deus desconhecido, não fossem os gregos esquecer-se de algum, que os podia castigar, por não ser adorado. Os Jogos Olímpicos eram uma forma de celebrar e honrar os deuses, oferecendo-lhes os atletas o seu gasto de energia, o seu suor, as suas vitórias.
É neste contexto que a filosofia e o mundo intelectual encontram condições para florescer, em Atenas e por toda a Grécia: os gregos racionalizavam tudo.
Começam a questionar-se sobre a sua existência, a causa, a origem: para Tales de Mileto, a origem de tudo está na água: “todas as coisas estão cheias de deuses”, diz. Para ele, a água é o deus supremo.
Dois contemporâneos seus encontram outras primeiras causas para tudo o que existe: para Anaximandro, o primeiro princípio de tudo é o Indeterminado; para Anaxímenes, é o ar infinito.
Mas nestes Autores ainda não encontramos o conceito de deuses como o conhecemos; para eles, deuses são dotados de uma energia física, intelectual e afectiva bem à maneira natural e antropológica. Não pensam os deuses como hoje pensamos Deus, o Criador de todas as coisas, inclusive do homem. Ainda que os deuses sejam mais poderosos, homens e deuses concorrem. E misturam-se.
O documentário põe em evidência o lugar sagrado de Delfos. Em Delfos, vivia a sacerdotisa Pitia. Neste oráculo, podia perscrutar-se o futuro. Governavam Delfos Apolo e Dionisos. Apolo é a símbolo da ordem pública, da razão. Dionisos, por seu turno, simboliza a desordem, a vitalidade, a bebedeira, o excesso. Esta dicotomia foi sempre tão forte e influente que atravessou a História até Nietzsche, que n’O Nascimento da Tragédia opõe o espírito apolíneo ao espírito dionisíaco, a arte do escultor e a arte da música isenta de imagens; o sonho e o êxtase.
Além dos deuses do Olimpo, os gregos admitiam também as divindades do mundo subterrâneo, habitado por existências sombrias, onde não havia vida consciente. O seu lugar terrível estava identificado como o Hades.
Para os gregos, é claríssima a distinção entre o corpo e a alma. Vejamos o que Platão põe na boca de Sócrates, no diálogo Fedro: “O ser vivo e mortal é o conjunto do corpo e da alma, solidamente ajustados um ao outro (…) Deus é um ser vivo imortal que possui uma alma, que também possui um corpo, ambos unificados para uma duração eterna” (246c).
A alma – psique (respirar) – do recém-morto há-de atravessar o Rio Aqueronte, levada por Caronte, até ao Hades. A morte é a eternidade de sonhos vazios. Existem dois níveis, no Hades: o Erebus, para onde as almas vão logo a seguir à morte, e o Tartarus, para onde vão as almas que ofenderam os deuses.
Foram os homens gregos que criaram esta religião olímpica, por precisarem de uma alteridade a quem entregassem o poder, a fim de serem regidos desde cima e, não, uns pelos outros. E, agora, tudo lhes chega desde o exterior, provindo dos apetites, dos sentimentos e das paixões dos seus deuses. Assim era o mundo religioso grego.
A segunda parte do documentário fala-nos da incidência da religião grega nos romanos e no cristianismo.
Os romanos descobriram a religião grega no séc.III a. C. e sobrevalorizaram-na: atribuíram nomes romanos aos deuses gregos e deram-lhes um estatuto ainda mais elevado.
Com a extensão do Império até à Judeia, é normal que o cristianismo beba das culturas grega e romana. Em especial, o Apóstolo Paulo, cidadão romano, que viaja pelo Império Romano e pelas ilhas gregas. Chega a falar no Areópago acerca do verdadeiro Deus, Criador de todas as coisas e perto de cada um dos homens (Act 17, 22-27). Esta é uma novidade: um Deus único.
Os alicerces gregos ajudaram à propagação do cristianismo, ainda que não tenham relação directa. Podemos notá-lo nestes três exemplos:
1) Jesus, Filho de Deus, nascido de uma mortal (como os heróis gregos).
2) O conceito de pecado derivado do termo grego amarthia, falhar o alvo.
3) A moralidade pessoal, questão abordada já nos mitos gregos.
Todos estes elementos mostram que a religiosidade grega e a problemática em seu torno é uma questão actual, atravessou milénios
Terminamos com a última ideia do documentário: há uma força enorme que controla os humanos. Temos de a respeitar. A consciência da existência desta força e as perguntas sem resposta fizeram as questões gregas chegarem até hoje.

Bibliografia:

·  Bíblia Sagrada, Actos dos Apóstolos, 17, 22-27.
·  Logos – Enciclopédia Luso-Brasileira de Filosofia,Verbo: Platão. 
·  Gauchet, M. - “A dívida do sentido e as raízes do Estado. Política da Religião Primitiva” in AAVV, Guerra, Religião, Poder, Lisboa: Ed. 70, 1980, p. 51-88.
·  Gilson, E. – Deus e a Filosofia, trad. de Aida Macedo. Lisboa: Ed. 70, 1941.
·  Nietzsche, F. – Nascimento da Tragédia, Trad. de Helga Hoock Quadrado. Lisboa: Relógio d’Água Editores, Junho de 1997.
·  Platão – Fedro. Trad. de Pinharanda Gomes. Lisboa: Guimarães e C.ª Editores, 1981. 


(Este trabalho esteve anteriormente publicado no endereço: http://www.eacfacfil.net/?m=201506, em 30.06.2015)

sábado, 6 de janeiro de 2018

Conceitos Estéticos // "Da Radicalidade da Experiência Estética"

Acaba de ser publicada (dezembro/2017) a obra “CONCEITOS ESTÉTICOS / CONCEPTOS
ESTÉTICOS”, resultante do II Encontro Ibérico de Estética, organizada pelos professores María José Alcaraz Léon e Vítor Moura, publicada pela Editora Húmus. 
Os Conceitos estéticos, bem como os diferentes problemas relacionados com a natureza da arte desenvolvidos pelos diversos autores estão agrupados em quatro secções: 
- O que é a arte?
- Arte Contemporânea e experiência estética;
- Sujeito da apreciação e sensibilização estética;
- Tempo e memória através da arte.
Tive a honra de colaborar nesta Obra com o estudo intitulado “Da radicalidade da experiência estética” cujo Resumo transcrevo

Este trabalho tem como objetivo relançar o questionamento da experiência estética no seu horizonte de radicalidade. Pretende problematizá-la desde o seu referencial empírico até à inquirição do seu fundamento, legitimando a possibilidade de um “limiar” de transcendência, ou seja, de abertura ao absoluto, a uma “ultimidade” de sentido, ao Ser, arrimada numa verdadeira âncora ontológica e metafísica. A instrumentação metodológica que sustenta a análise e a argumentação pertence à fenomenologia existencial, enquanto articulada com o pensamento hermenêutico e a reflexão ontológica. Pensamos que este aprofundamento se justifica totalmente. É mesmo uma tarefa inadiável trazer de volta ao debate filosófico uma conceção fundacio­nal da experiência da arte e da vivência da beleza, tendo presente o contexto civilizacional no qual estamos mergulhados, enclausurado num relativismo neo-sofistico que invade e mina os alicerces da arte, os critérios do gosto, a essência da beleza, o ideal da formação estética.
Porém, se procuramos abrir uma brecha que nos permita refazer uma noção de experiência estética que tenha condições de progressão desde a feno­menologia para a ontologia e para a metafísica, fazemo-lo na plena preocu­pação de evitar a queda no esquema desgastado de pensar “a partir de cima”. Por isso compreende-se que esta reflexão se nutra do conceito de aisthêsis. A renovação deste conceito, forjado pelos gregos, oferece amplas perspetivas de resposta à estética idealista e normativa que a tradição nos legou, ao mesmo tempo que nos situa perante o fenómeno matricial do qual o pensamento de determinados autores, entre os quais pontua Mikel Dufrenne, jamais se afas­tará – o fenómeno do sentir. Pensar o sentir como fenómeno estético – como experiência estética – significa certamente conetá-lo com os objetos onde ela melhor de concretiza, chamemos-lhes, objetos belos, ou artísticos. Mas significa sobretudo, auscultar a instância, o solo no qual essa experiência lança as suas raízes, e que exigirá a dimensão ontológica e metafísica do “vivido”. “Vivido” que se caracteriza por uma dimensão de abertura que acompanha todas as fases da sua “experienciação”, tornando-a irredutível a qualquer categoria ou parâmetro de análise positivista. Este aspeto é, para nós, a prova de que só a chave interpretativa ontológica e metafísica responde em definitivo, filosofica­mente, ao sentido vivido no interior da experiência estética. É nessa linha que nos propomos, também, construir uma hipótese de leitura do pensamento de Mikel Dufrenne, cuja Obra aqui nos acompanha, ainda que submetendo-a a uma interpretação crítica.
Lancemos, pois, esta arriscada convicção: estamos persuadidos de que a mais decisiva significação para a qual aponta uma sólida estética fenomeno­lógica que pense a experiência da arte e da beleza, já não é a que determina o sentido do Ser através da Natureza, ou do Signo, ou da Linguagem, ou do Desejo, ou do Inconsciente, ou da Estrutura, mas a que projeta ou perspetiva um fundamento ontológico para a própria ideia de Natureza, de Signo, de Linguagem, de Desejo, de Inconsciente, de Estrutura através do Ser: o sentido em cujo desvendamento a estética fenomenológica participa é, em última instância, o sentido do Ser. É na posse da intuição deste “sentido ou direção” que havemos de encontrar a bússola orientadora tão necessária nos labirintos da cultura estética e artística de hoje.

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