ESTÉTICA e FILOSOFIA
sexta-feira, 4 de julho de 2025
Cultura, inclusão e integração
domingo, 29 de junho de 2025
Filosofia, Realidade e Autores Antigos - Palestra na Escola Secundária Martins Sarmento (Guimarães)
No passado dia 03 de junho de 2025 tive a grata oportunidade de apresentar na Escola Secundária Martins Sarmento – Guimarães, uma palestra aos Alunos de turmas do 10º e 12º anos, dedicada ao tema: “A Filosofia como compreensão da realidade. Contributos dos filósofos antigos”.
O contacto e diálogo com os Alunos e com os Colegas presentes no evento constituiu um momento de grande enriquecimento humano, afetivo e intelectual, tendo presente a urgência de cultivarmos e praticarmos a atitude filosófica e a reflexão crítica, num tempo em que os radicalismos e as intolerâncias ameaçam a nossa cultura. Nesta linha, a evocação dos pensadores antigos pode funcionar como um impulso de sensibilização de grande atualidade.
O interesse pelo tema e por este género de iniciativas também se manifestou no desejo de se intensificar, já no início do próximo ano letivo, a colaboração entre a Escola Secundária Martins Sarmento e a Faculdade de Filosofia e Ciências Socias (UCP - Braga), em ordem à realização de atividades de cariz filosófico, envolvendo o corpo docente e discente de ambas Instituições.
Por tudo isto, agradecemos penhoradamente à Direção da Escola Secundária Martins Sarmento – Guimarães, nas pessoas das Exmas. Senhoras Diretora, Profª Ana Maria Machado Silva, e Vice Diretora, Prof.ª Ana Isabel Sousa Dias, a oportunidade da realização desta palestra. Agradecimento também particularmente extensível aos Colegas que acompanharam os Alunos durante a palestra - Prof.ª Alexandra Faria, Prof.ª Domitília Sousa, Prof. Eurico Silva. De modo muito especial, um agradecimento ao Prof. Eurico Silva, que generosamente e com enorme competência interagiu nesta iniciativa, desde o primeiro momento.
Escola Secundária Martins Sarmento - Guimarães, 03 de junho de 2025
terça-feira, 4 de janeiro de 2022
Duchamp e Heidegger: quando a coisa se tornou obra de arte
Massimo Carboni, entrevistado no Festival da Filosofia de Modena de 2017 ("As formas do criar"), fala da estética contemporânea. Refere-se a Benedetto Croce como sendo um dos grandes mestres da Estética do Séc. XX, mas de quem não se extraem, imediatamente, grandes instrumentos de análise para a arte de hoje. Já Walter Benjamin, com A Obra de Arte na Época da sua Reprodutibilidade Técnica (1934-36), se devidamente contextualizado - considera Carboni - é um instrumento fundamental para compreender a arte medial e até mesmo as instalações interativas, em suma, as obras de arte atuais. Relativamente a Martin Heidegger, a opinião de Carboni, é a de que não foi um construtor de uma estética filosófica cujo discurso se amplie; aliás, no seu estudo A origem da Obra de Arte (também de 1934-36), Heidegger distingue entre a coisa e a obra, entre a coisidade da coisa e obra de arte. Ora, mais de vinte anos antes (em 1913) Marcel Duchamp, pelo contrário, tinha feito de uma coisa uma obra de arte, demonstrando, naquele aspeto específico, que a estética heideggeriana estava já naquele momento superada e que não é mais possível fazer a distinção entre coisa e obra.
Massimo Carboni ensina Estética na Università della Tuscia di Viterbo e na
Accademia di Belle Arti di Firenze. Historiador,
crítico de arte e teorizador da estética, tem-se ocupado de questões
filosóficas que intercetam a pluralidade das expressões artísticas, o estatuto
das técnicas e a raiz antropológica das expressões.
Da sua bibliografia:
- L’occhio e la pagina. Tra immagine e parola
(Milano 2002);
- Lo stato dell’arte. L’esperienza estetica
nell’èra della tecnica (con P. Montani, Roma-Bari 2005);
- La mosca di Dreyer. L’opera della
contingenza nelle arti (Milano 2007);
- Di più di tutto. Figure dell’eccesso (Roma
2009);
- Le arti e la tecnica: gli scenari futuri,
in Terzo Millennio (Enciclopedia Italiana Treccani, 2010).
in RAI-CULTURA (texto adaptado)
quarta-feira, 24 de novembro de 2021
O papel da cultura na evangelização
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021
Pedagogia estética da hospitalidade
Pode a Experiência Estética conduzir-nos à Hospitalidade?
"Elementos para uma
pedagogia estética da hospitalidade" - assim poderia ser o título deste
esboço de reflexão, passe a imodéstia da paráfrase.
A quem interessar, cf. intervenção no VII Simpósio Luso-Brasileiro de Estudos de Religião, em 27 jan. 2021 [vídeo a partir de 29:15 + discussão no final]
segunda-feira, 21 de dezembro de 2020
Vídeo de Natal da DST
Vale a pena fixar a atenção neste vídeo de Natal.
sexta-feira, 4 de dezembro de 2020
A partilha da “Palabre” na Filosofia Africana
No presente semestre, a
viagem intelectual proposta aos meus alunos teve como destino África.
Precisamente, a Filosofia Africana, na sua problemática caracterização geral e
nas suas expressões mais específicas, nos domínios da ética, da arte, da
linguagem, da religião, da política...
Dos muitos conceitos e perspetivas merecedoras de refletida atenção, os filósofos africanos
propõem-nos, no campo social e político, a recuperação de um conceito - que é também uma "praxis" - que tem gerado na turma muito interesse e debate. Trata-se da experiência comunitária da partilha da Palabre/Palavra, a que eles atribuem uma importância notável.
Este termo, e mais
especificamente a expressão “l’Arbre à Palabres” (Árvore das palavras), designa
o lugar tradicional de reunião, à sombra da qual a comunidade se exprime e
ouve a palavra dos mais velhos, discutindo e tomando posição sobre os múltiplos
aspetos da vida em sociedade, sobre os problemas da aldeia, sobre a política,
uma discussão alargada e em palavras simples. É também o lugar onde as crianças
vêm ouvir contar histórias pelo ancião da comunidade. Por extensão, a expressão
pode indicar, também, o sítio da aldeia onde se encontrava a tal “árvore das palavras”,
geralmente uma árvore de baobá. Noutras latitudes, pode ainda referir o local
onde os estudantes se reúnem para discutir a sua vida social e universitária.
Do ponto de vista político, "jurídico" e também ético, esta tradição
incorpora um significado de fonte da legitimação "democrática" da
decisão da comunidade, a raiz ancestral de uma prática de consenso; socialmente
simboliza, também, a força humana do grupo de pertença e naturalmente a
importância das relações sociais.
Como se percebe, ao exercício desta permuta de palavras é reconhecida uma função comunicativa e fundadora. Muitos filósofos africanos revalorizam esta experiência, por ser fortemente identitária e potenciar o pluralismo típico das sociedades tradicionais, onde o consentimento público é negociado segundo práticas codificadas pela oralidade.
Para além de muitos
outros aspetos que tornam este conceito de grande interesse para pensar a
sociedade, parece-me possuir grande potencial para tempos de crise, como o que
estamos vivendo.
O romance A Árvore das Palavras (1997), da escritora portuguesa Teolinda Gersão dá-nos uma certa imagem e evocação dessa realidade, vivenciada em Moçambique, pouco antes da independência.
Os movimentos “Ondjango”
em Angola e “Djemberém” na Guiné Bissau são atuais continuadores das tradições
da “Árvore das Palavras”; nesta linha, ver os materiais:
- Podcast “Ondjango, Arminda Fernando Filipe”
- Filme Djemberém ou la hutte du dialogue, Filme de Cinzia d'Auria (2013 - Guinée-Bissau). Realizado pelo grupo Fifito & Bumbulum, um grupo composto por artistas da Guiné-Bissau, dentre eles Filomeno Lopes e pela associação Zoe Onlus. Obra de homenagem às tradições da África Ocidental, onde o «Djemberém» refere a cabana do diálogo, lugar onde, segundo os usos e costumes, os anciãos se reúnem para discutirem e procurar soluções às diversas controvérsias sociais.
Bibliografia complementar