quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

"A Imaginação ao Poder"?

Cartaz do Colóquio
Nos dias 12 e 13 de novembro de 2018 realizou-se, na Universidade do Minho (Braga), a XXª Edição do Colóquio de Outono, Conferência Internacional, dedicada ao tema "Paz e Liberdade. Visões, Discursos, Manipulações" ("Peace and Freedom. Visions, Discourses, Manipulation").
No âmbito deste evento, tive a grata oportunidade de apresentar uma Comunicação, intitulada "A imaginação ao poder"?, na qual pretendi questionar até que ponto a imaginação, à luz da análise estética, é a faculdade mais bem posicionada para lidar o poder, como se podia ler no slogan programático dos revolucionários de Maio de 68, em Paris.
Após a apresentação da Comunicação, seguiu-se, como é habitual, um breve mas enriquecedor diálogo com os participantes.

A quem interessar, aqui fica o resumo da intervenção.

RESUMO:
Ainda que não seja um dado suficientemente conhecido e divulgado, o filósofo Mikel Dufrenne teve com os acontecimentos parisienses de maio de 68, uma relação verdadeiramente sintomática, e por isso mesmo, complexa, quer do ponto de vista ideológico, como sobretudo – que é o que aqui nos interessa – do ponto de vista estético e filosófico. Nesta comunicação pretendemos focar um ângulo dessa complexidade, mostrando que, por um lado, o ambiente cultural então vivido abriu a sua reflexão estética para a compreensão da dimensão social e política da arte e da experiência estética, de um modo como ainda o não tinha conseguido nas obras dos anos 50. Mas, por outro lado, precisamente porque se tratava de refundar o alcance produtivo e revolucionário da arte na realidade envolvente, a categoria catalisadora não poderia centrar-se na "imaginação", por muito importante que esta faculdade mental se revelasse, e que a notada expressão “A imaginação ao poder” pretendia endeusar. Não temos conhecimento de que Mikel Dufrenne tenha contestado diretamente aquele slogan, mas as suas reticências à sobrevalorização do estatuto e do papel da "imaginação" são deveras importantes, dado que nos permitem inferir critérios hermenêuticos de avaliação da relação da arte com o poder, da estética com a política. É também uma outra maneira de revisitarmos os fundamentos da potência subversiva – neste sentido revolucionária – da arte. Daí a eleição da obra estética de Mikel Dufrenne nesta comunicação. 

in: "Livro de Resumos"
Programa do Colóquio 

CEHUM-ILCH - Universidade do Minho, Braga, 12 de novembro de 2018

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