sábado, 16 de dezembro de 2017

Estética, Arte e Intimidade - Tema de Encontro Científico-Filosófico

Foi com muita satisfação e proveito que ontem participei no IV Encontro Ibérico de Estética, dedicado ao tema: Estética, Arte e Intimidade (cf. comunicação, infra).
O evento foi organizado pelo Centro de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, pelo Instituto de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e pela Sociedad Española de Estética y Teoría de las Artes. Teve lugar na FLUL e na FCSH da UNL. 
Este Encontro Internacional pretendeu debater as questões relacionadas com a intimidade, tanto do ponto de vista da estética como da criação artística. Problemas como os da natureza dos sentimentos estéticos na sua dimensão pública e/ou privada, reflexos e representações da intimidade e suas relações humanas na criação artística, papel da estética e da arte na criação de sentimentos de pertença e de identidade, estudo crítico de autores de referência em todos estas matérias, preencheram o rico programa do Encontro.
Esta iniciativa mostra a relevância da abordagem estética de todos os fenómenos humanos. 
Grato à Organização pela oportunidade desta iniciativa.

PROPOSTA DE COMUNICAÇÃO
AO IV ENCONTRO IBÉRICO DE ESTÉTICA: “ESTÉTICA, ARTE E INTIMIDADE”
Lisboa, de 14 a 16 de dezembro de 2017

Título da Comunicação:
          “Experiência estética e relação de intimidade”
Secção de referência:
          1. Estética e intimidade
Resumo:
«connaître, ici c'ést vraiment co-naître»
(Mikel Dufrenne. EP, I, 58).
Na economia do pensamento estético do filósofo Mikel Dufrenne, a categoria da intimidade é utilizada para reforçar os atributos da reciprocidade, da amizade cúmplice, da partilha e comunhão de sentimentos que estruturam a relação que se instala entre o sujeito e o objeto, no âmago da experiência estética. Neste sentido, intimidade é um conceito reticular, permutável pelo de “profundidade”, “interioridade”, “conaturalidade”. Por isso, a experiência estética é, por excelência, um zénite de intimidade, a ponto de espetador-obra-mundo-real aí se desvendarem, ou seja, aí retirem as suas vendas.
Contudo, contrariamente ao que esta notícia poderia deixar entender, a intimidade não designa um evento secreto, nem sequer uma parcela privada da vida oculta dos atores referidos. Decididamente, não estamos no registo do “intimismo”, da afeção particular, ao qual uma certa psicanálise tende a conferir o protagonismo. Damos aqui total guarida ao aviso lançado pelo nosso autor [Dufrenne], quando, a propósito do poder evocativo e expressivo da fala originária da obra de arte, nos alerta: «Não acreditai que esta fala diz o seu autor e que, por exemplo, revela os seus fantasmas: a obra autêntica não é um sintoma e não deve ser tratada como tal, J. F. Lyotard mostrou-o muito bem» (EP, II, 166). Uma intimidade que se converta em pretexto de uma função clínica não interessa a Dufrenne. Caso contrário, a arte reduzir-se-ia a uma terapia para o artista, e para o espetador, a uma oportunidade de diagnóstico (cf. "Le beau", 486, b).
Neste contexto interpretativo, a nossa comunicação pretende sublinhar dois aspetos. Em primeiro lugar, refletir o alcance desta leitura crítica do sentido da intimidade. Em segundo lugar, mostrar que preservando-a destas formas de instrumentalização, a categoria da intimidade fica disponível para contribuir para uma renovação de sentido dos arquitemas fenomenológicos da intencionalidade e da constituição do objeto na experiência estética.

Bibliografia fundamental:
Dufrenne, M. Phénoménologie de l’expérience esthétique, tome I - "L’Objet esthétique" ; tome II - "La Perception esthétique", PUF, Paris, 1953
- Dufrenne, M. Le poétique, PUF, Paris, 1963 - 2e. édition  revue et augmentée, préc. de: Pour une philosophie non théologique, 1973
- Dufrenne, M. Esthétique et Philosophie, tome I, II, III, Éditions Klincksieck, Paris, 1967, 1976, 1981
- Dufrenne, M., Dino Formaggio et al. Trattato di estetica (Mikel Dufrenne, t. I - “Storia”, t. II “Teoria”, Mondadori Editore, Milano, 1981
- Dufrenne, M. L’inventaire des a priori. Recherche de l’originaire, Christian Bourgois Editeur, Paris, 1981

domingo, 3 de dezembro de 2017

Aristóteles, cientista: estudo recente confirma a sua atualidade

Como se sabe, Aristóteles não foi apenas um génio especulativo que, nesse registo, nos deixou uma obra incontornável sobre ontologia, metafísica, teologia, ética, política, estética, lógica,
 La Lagune. Et Aristote inventa la science 
psicologia, física; foi também um exímio estudioso da natureza, tentando compreender tudo o que a natureza contém, corpos celestes, animais, plantas, de tudo elaborando registos, descrições precisas e classificações.
A obra agora publicada de Armand Marie Leroi, La Lagune. Et Aristote inventa la science (Flammarion, 2017, 574 p.), atesta e demonstra a importância e a atualidade das investigações de Aristóteles nomeadamente na área da biologia, colocando questões muito atuais sobre a natureza dos seres vivos. J.-F. Dortier na revista Sciences Humaines (nº 298, déc., 2017) apresenta-nos uma síntese desta da obra, que vale a pena registar:
«Aristóteles leu e criticou os seus predecessores, os physiologoi como Xenófanes, Heraclito, Empédocles, Górgias, Demócrito, que antes dele escreveram tratados “sobre a natureza”. Mas Aristóteles não se contentou em compilar os saberes do seu tempo. Na ilha de Lesbos, onde permaneceu um tempo, dirigiu-se aos portos observar as bancas de peixe, interrogou os pescadores, sabe como os golfinhos se reproduzem, descreve a sua anatomia ao detalhe. Se os seus conhecimentos sobre os camelos ou os rinocerontes são pouco precisos e de terceira mão, sabe que é preciso considerar estes saberes indiretos com prudência. Há que considerar Aristóteles como um simples empirista, desejoso de classificar os factos, ou pelo contrário como um filósofo da natureza que especula sobre as leis da natureza sem as conhecer suficientemente? Nem um nem o outro, sugere A. M. Leroi. Aristóteles é um espírito científico que deseja compreender a natureza profunda das coisas e por isso estuda-a de perto.
“Dizer que Aristóteles era um cientista, é supor que se possa conhecer um cientista. Desde há muito tempo, os sociólogos e os filósofos tentaram apreender esta criatura, com resultados mitigados dado que as ciências que indagam possuem tanta atividade e preocupações diversas que é difícil encontrar uma definição que as englobe as todas”. No máximo pode-se dizer que um cientista é “alguém que se esforça, mediante uma investigação sistemática, por compreender a realidade que experimenta”.
Segundo esta definição ampla e generosa, que engloba tanto “os que fazem física teórica, os especialistas de besouros e certos sociólogos”, Aristóteles é certamente um verdadeiro homem de ciência. E talvez o primeiro deles.
O seu estudo sobre os animais inscreve-se na sua “teoria das quatro causas”, que guia o seu percurso. Face a todo o ser, diz-nos Aristóteles, é necessário colocar quatro questões: 1) de que é que isso é feito? (causa material), 2) o que é isso, qual é a sua essência ou a sua forma? (causa formal), 3) o que é que a anima? (causa eficiente), por fim 4) para que serve? (causa final).
Aristóteles dedicou um livro inteiro, Das Partes dos Animais, para responder à questão da causa material (de que são feitos os animais?). Não menos de 500 espécies são classificadas (segundo um sistema de classificação muito engenhoso que procura articular diversos critérios) e descritas. Conhecia a anatomia interna de 110 espécies. Os rins e a bexiga de uma vaca ou de uma tartaruga não tinham segredo para ele. Quanto às ovelhas: “Aristóteles conhecia bastante de criação de ovelhas”.
Aristóteles - Estagira (Macedónia)
384-322a.C
Mas a questão que o preocupa é a do nascimento das formas (a causa formal): “Como é que um humano dá origem a um humano e não a um cavalo?” A resposta idealista de Platão, que defendia que a forma dos seres (da formiga ou do cavalo) provinha das formas ideais vindas do céu das ideias puras, não o podia satisfazer. Os seguidores de Hipócrates evocavam a partilha dos fluídos do pai e da mãe aquando do acasalamento.  Aristóteles foi mais longe na investigação. Em A Geração dos animais, dedicou muitas páginas a descrever o aparelho sexual dos canários, leões, macacos, insetos… Interessou-se pelo esperma que é o vetor pelo qual as formas se transmitem. Também observou os embriões para ver se o feto está já formado ou não.
Há algum tempo, parecia que a questão de Aristóteles sobre a génese das formas estava já resolvida: o segredo das formas vivas está no ADN. Com a ressalva de que a biologia entrou hoje numa idade da epigénese que refuta o papel exclusivo dos genes na construção dos organismos.
Uma nova disciplina se dedica ao estudo da morfogénese (ou génese das formas) dos seres vivos e procura captar o papel respetivo dos genes, das condicionantes mecânicas e da ação do meio na formação dos organismos.
Acontece que aquele que relançou o estudo da morfogénese é o inglês sir d’Arcy Thompson (1860-1948). Não se trata de um acaso se, alguns anos antes da redação da sua obra fundadora sobre o desenvolvimento das formas (1910) se entregou à tradução das Histórias dos animais de Aristóteles. Foi também Arcy Thompson quem colocou A. M. Leroi na pista de uma de uma “larga e calma lagoa” situada na ilha de Lesbos onde parece que Aristóteles foi observar a diversidade de peixes e de conchas.» (Tradução adaptada por Carlos B. Morais).

sábado, 18 de novembro de 2017

DIA MUNDIAL DA FILOSOFIA 2017 NA FFCS: "Filosofia e Transformação do Ser Humano e da Sociedade"

> Jornada Comemorativa:
A Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais (FFCS) integrou-se na Comemoração Internacional do Dia Mundial da Filosofia 2017, celebrado no passado dia 16 de novembro. Para tal, organizou a Jornada dedicada ao tema: "Filosofia e Transformação do Ser Humano e da Sociedade", realizada na Aula Magna desta Faculdade. 
Esta Jornada Filosófica foi organizada em parceria com a Associação Portuguesa de Ética e Filosofia Prática (APEFP) e em colaboração com diversas Escolas e Colégios do Ensino Secundário da Região.

> Notícia de Apresentação:

À semelhança do que tem acontecido nos anos anteriores, a Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais (FFCS) associa-se mais uma vez à celebração do Dia Mundial da Filosofia, patrocinado pela Unesco, promovendo uma Jornada de reflexão temática e de sensibilização dos jovens para o estudo da Filosofia.
Esta Jornada realizar-se-á no próximo dia 16 de novembro, na Aula Magna da FFCS, com início às 9H00 e finalização por volta das 12H30.
A temática geral desta Jornada, alinhada com a proposta da Unesco, versará a função da Filosofia como tarefa de transformação do ser humano e da sociedade. Será desdobrada mediante quatro palestras intituladas "Filosofia e Redes Sociais" (Eugénio Oliveira), “Filosofia e Gestão” (Carlos Louro), “Filosofia e Direitos Humanos" (Nuno Fadigas), "Maldito Quadrilátero: O Caso do Achismo" (Artur Galvão). Após cada palestra haverá um período de diálogo com a assistência.
O Programa das Jornadas inclui ainda a apresentação dos Prémios Nacionais de Ensaio Filosófico em Ética e  Filosofia e no Conto Filosófico para Crianças. Finalmente haverá lugar para a apresentação de um diaporama sobre as edições anteriores do Dia Mundial da Filosofia na FFCS.
A Jornada pretende também dar continuidade à “política” da valorização dos antigos alunos da Faculdade, graduados e pós-graduados em Filosofia, chamando-os a colaborar ativamente, dando-lhes a vez e a voz. Nesta linha, a organização da Jornada tem como parceiro institucional a Associação Portuguesa de Ética e Filosofia Prática, uma dinâmica associação dirigida por antigos alunos da FFCS. São também antigos alunos os oradores das palestras que compõem o Programa da Jornada.
Mas o objetivo estratégico da Jornada centra-se na promoção da Filosofia junto dos jovens que estão a finalizar os estudos secundários, de modo a despertar neles o interesse, a curiosidade e a motivação para o prosseguimento de estudos nesta área do conhecimento. Por isso, estas Jornadas contarão com a presença de um significativo número de Escolas e Colégios da região, que trarão à Aula Magna da FFCS as suas turmas do ensino secundário.

Carlos Morais - Coord. da Jornada
 A FFCS tem feito um esforço notável para que todos os candidatos que manifestam aptidão para o estudo da Filosofia, se possam candidatar e realizar os seus estudos, sem o acréscimo de custos que as propinas sempre acarretam; para tal, a Faculdade oferece aos alunos de Filosofia bolsas de estudo que tornam a propina de valor equivalente ao que é praticado pelas Universidades do Estado. Deste modo, a FFCS pretende continuar a dar o seu contributo para manter presente a Filosofia na sociedade e na cultura portuguesas. Há mais de 70 anos que esta Faculdade forma, a partir de Braga, sucessivas gerações de filósofos que muito têm enriquecido todos os sectores da Sociedade em que eles se inserem. Uma verdadeira responsabilidade intelectual de que os atuais responsáveis se orgulham, assumem e querem transmitir aos vindouros. (Carlos B. Morais)

> Programa da Jornada:
09H30 – Receção e boas-vindas às Escolas Participantes
               - José R Costa Pinto – Coord. de Filosofia da FFCS
               - Eugénio Oliveira – Presidente da APEFP
09H45 – 1ª Palestra: Eugénio Oliveira: "Filosofia e Redes Sociais"
10H15 – 2ª Palestra: Carlos Louro: “Filosofia e Gestão”
10H45 – Coffee break / Convívio
11H00 – 3ª Palestra: Nuno Fadigas: “Filosofia e Direitos Humanos"
11H30 – 4ª Palestra: Artur Galvão: "Maldito Quadrilátero: O Caso do Achismo"
12H00 – Eugénio Oliveira: Apresentação dos Prémios Nacionais de Filosofia:
            - Prémio Nacional do Ensaio em Ética e Filosofia
            - Prémio Nacional do Conto Filosófico para Crianças
12H15 – Carlos Morais: Apresentação de videograma sobre A Filosofia na FFCS
12H25 – Agradecimentos e despedida: Miguel Gonçalves – Diretor da FFCS

> Escolas e respetivos Docentes presentes nos trabalhos da Jornada:
- Alfacoop / Externato D. Henrique: Profªs. Isabel C Araújo e Maria La Salete Pereira
- Colégio D. Diogo de Sousa: Profª. Margarida Dias e Profº. Manuel Rocha Pereira
- Colégio João Paulo II: Profª Joana Faria e Profº Pedro Louçano
- Escola Secundária de Alberto Sampaio: Profª Deolinda Ferreira e Profº José M Santos
- Escola Secundária de Maximinos: Profª Maria Adelaide S Oliveira
- Instituto Nun'Álvres / Colégio das Caldinhas: Profª. Raquel S L Costa e Profº. José Carlos E Eira

> Fotos da Jornada (aqui)

> Documentário

domingo, 12 de novembro de 2017

“FILOSOFIA PARA PEQUENOS GRANDES FILÓSOFOS” - Nota de Apresentação

“FILOSOFIA PARA PEQUENOS GRANDES FILÓSOFOS”
de Rosa Maria Conde Proença, com ilustrações de Patrícia Isabel Pires Correia,
Lisboa: Chiado Editora, Setembro de 2017

Apontamento para a sessão de Lançamento do Livro
 na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, Braga, em 11 de novembro de 2017

in Jornal Diário do Minho Digital: 
https://www.diariodominho.pt/2017/11/16/filosofia-para-pequenos-grandes-filosofos/






sábado, 7 de outubro de 2017

"Territórios da Fotografia Contemporânea" - Conferência (memória)

Memórias...

> Conferência intitulada "Territórios da Fotografia Contemporânea", proferida pelo Dr. Rui Prata,
então Diretor do Museu Municipal da Imagem, em 24 de Maio de 2006.

> Esta Conferência teve lugar no âmbito das atividades realizadas pelo Curso de Licenciatura em Estudos Artísticos e Culturais, lecionado pela Faculdade de Filosofia da UCP - Braga e coordenado pelo Prof. Carlos Morais.

> A Conferência foi organizada pelas Alunas do Curso Flora Oliveira e Marisa Sousa, tendo elas apresentado um Introdução ao tema. Estas alunas realizavam, então, o seu Estágio Curricular de Dinamização Cultural naquele Museu da Cidade de Braga.

> A Conferência teve lugar na Aula Magna da Faculdade de Filosofia, cujo Diretor era o falecido Professor Alfredo Dinis.

> A propósito desta Conferência, escrevemos, então, no website do Curso:
O Director do Museu da Imagem de Braga, Dr. Rui Prata, apresentou na Aula Magna da Faculdade de Filosofia (Braga) da Universidade Católica uma interessante leitura dos percursos mais marcantes da fotografia na época actual. Desde o fotojornalismo, passando pela fotografia documental, pelo retrato e autorretrato, fotografia da moda e imagem publicitária, pela fotografia artística e de autor, até à fotografia pós-moderna - posterior aos anos 70 -, finalizando na fotografia na era do digital. De todas as etapas do desenvolvimento diacrónico desta prática artística, o Dr. Rui Prata traçou uma interpretação integradora e abrangente dos seus aspectos histórico-culturais, estéticos, semânticos, e filosófico-ontológicos.
A exposição foi acompanhada com uma adequada exemplificação da arte dos autores mais importantes de cada fase analisada, que muito terá enriquecido o atento auditório.
No período de diálogo com a assistência, o Dr. Rui Prata, comentou diversos aspectos relacionados com a natureza da fotografia, seu estatuto enquanto obra de arte, relação entre a fotografia e a realidade, a crítica sobre a arte fotográfica. Acerca deste último aspecto, o Director do Museu da Imagem sublinhou a escassez, nos meios de comunicação social em Portugal, de críticos de arte, qualificados e conhecedores das específicas problemáticas das diversas disciplinas, não apenas da fotografia, mas também da pintura, teatro, vídeo, etc. Lamentou que o exercício da crítica se reduza, na maior parte das vezes, a um conjunto de afirmações genéricas. 
Esta Conferência foi planificada e organizada no âmbito das actividades do núcleo de estudantes do Curso de Licenciatura em Estudos Artísticos e Culturais que presentemente realizam o Estágio Curricular II no Museu da Imagem: Flora Oliveira e Marisa Sousa. [carlos morais]

> Fotos do evento:

Dr. Rui Prata durante a conferência

Conferencista e Alunas

Diretor, Professor Alfredo Dinis

Drª Flora Oliveira e Drª Marisa Sousa, então alunas

Antigos/as Alunos/as do Curso de EAC

Grupo de Alunas do Curso de EAC com o Dr. Rui Prata no Museu da Imagem

quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Mestrado em Filosofia - Especialização em Estética e Teoria das Artes

"Uma Formação para Sentir/Pensar a Arte, Hoje"


A especialização em Estética e Teoria das Artes proporciona uma formação completa a quem pretenda investigar o diálogo entre a Filosofia, a Estética e as Artes, nomeadamente as Artes Visuais, Musicais e Literárias, nas múltiplas vertentes em que esse diálogo adquire sentido
Este Mestrado assenta no pressuposto de que a reflexão crítica sobre a aisthēsis e o mundo da arte requerem, necessariamente, o conhecimento aprofundado dos textos dos filósofos, dos textos dos diversos teóricos da arte, e o conhecimento das realidades e das práticas artísticas. Munidos destas bases será possível, então, compreender e debater os desafios das complexas controvérsias levantadas pela arte e pela sua experiência, edificar um pensamento rigoroso e fundamentado, ensaiar concetualmente um juízo crítico sobre tais matérias no conjunto das suas implicações culturais.
Este programa visa facultar a todos os participantes os meios necessários para que possam articular de forma inovadora e empenhada, num clima de total liberdade, excelência e respeito, a reflexão estético-filosófica e a experiência das artes, com destaque para a sua incidência na contemporaneidade.

A quem se dirige

Dirige-se a todos os detentores de saberes das ciências humanas, ciências da arte, ciências sociais, teologia e ciências religiosas, aos criadores das diversas disciplinas artísticas, bem como aos agentes culturais, profissionais e empreendedores das áreas da arte e da cultura.
Pretende-se que a problematização das experiências e dos conhecimentos já adquiridos por uns e por outros se complementem na investigação científica, quer das questões de fundo que hoje marcam a atmosfera cultural, ética, política e religiosa, como também das questões estético-filosóficas que proporcionem às artes um novo quadro interpretativo e fecunda inteligibilidade.

Objetivos e competências a desenvolver

- Conhecer, de forma aprofundada, o contributo das teorias estético-filosóficas para a interpretação e compreensão das questões atuais que circundam os fenómenos e as práticas artísticas.
- Adquirir um conhecimento crítico aprofundado dos problemas fundamentais da reflexão estético-filosófica em ligação estrita com as Artes.
- Analisar, argumentar e desenvolver as múltiplas ligações que potenciam as dinâmicas de convergência e de tensão entre a Filosofia e as Artes visuais, musicais e literárias.
- Selecionar metodologias adequadas aos projetos de investigação, nomeadamente, em ordem à dissertação de mestrado.
- Formular um quadro compreensivo e crítico da situação das Artes face à complexidade do mundo contemporâneo e seus desafios éticos, antropológicos, científicos, técnicos, sociais, espirituais.

Saídas Profissionais

Tratando-se de um Mestrado de Estudos Filosóficos Especializados em Estética e Artes Visuais, Musicais e Literárias, permitirá aos nossos estudantes movimentarem-se nos seguintes campos laborais:
- Investigação teórica e aplicada nos domínios da estética e das artes para prosseguimento de estudos de Doutoramento
- Profissões da arte, da mediação e da cultura
- Projetos de intervenção da arte nos diversos campos da realidade sociocultural
- Organismos de consultoria e assessoria na área artística e cultural
- Crítica de arte
- Comissariado de exposições
- Direção em museus, galerias de arte, centros de exposições
- Organismos de formação no campo da arte e da estética
- Periodismo de arte e cultura
- Organizações e empresas de fomento do desenvolvimento estético, artístico e cultural: associações, ong’s, casas da cultura, centros culturais, fundações, leiloeiras, coletividades
- Ministérios e instituições públicas (serviços e estudos prospetivos em políticas culturais e em desenvolvimento estético-artístico)
- Trabalhador independente

Acompanhamento Personalizado

Este Mestrado pretende proporcionar o desenvolvimento de investigações centradas e pertinentes. Para tal, os estudantes contarão com o acompanhamento sistemático dos docentes, num registo de orientação tutorial, em ordem à delimitação metodológica do seu objeto de estudo e à elaboração do trabalho de pesquisa.

Articulação com o centro de investigação

O Mestrado está solidamente apoiado no centro de investigação “Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos” sediado na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais (UCP-Braga), no qual está radicado um projeto de Estética.
[cmorais.01Ag.2017]

sexta-feira, 30 de junho de 2017

domingo, 18 de junho de 2017

"Psicologia do Trabalho: O coração e os olhos da organização": impressões de leitura

A convite da Profª Doutora Fátima Lobo, Coordenadora do Mestrado em Psicologia do Trabalho e das Organizações (FFCS-UCP Braga), tive a honra de colaborar, no dia 09 de junho, na sessão de apresentação da síntese das atividades académicas realizadas por aquele 2º Ciclo no decurso do presente ano letivo (mais informação, cf. site: http://cippto.com/)
Coube-me a grata tarefa de comentar o trabalho publicado sob a responsabilidade daquela Professora, cujo conteúdo resultou da aplicação de um questionário aos alunos finalistas do referido Mestrado. Nesta obra, intitulada Psicologia do Trabalho: O coração e os olhos da organização, os alunos inquiridos responderam às questões colocadas, projetando o seu futuro como psicólogos intervenientes no mundo das organizações e do trabalho, alimentados pelos seus sonhos mais genuínos, e valorizando a excelência da formação recebida, perante os desafios complexos e exigentes que se colocam à sua ação.
Aqui fica o texto-guião do comentário então apresentado.

IMPRESSÕES DE LEITURA DA OBRA
Fátima Logo (Organização). Psicologia do Trabalho: O coração e os olhos da organização, Braga: Colegium: Investigação e Promoção da Psicologia do Trabalho e das Organizações, Abril, 2017

1. Felicitar o grupo dos mestrandos e sua coordenadora pela iniciativa em curso na área da Psicologia do Trabalho e das Organizações.

2. Saúdo a decisão de ousarem publicar os vossos testemunhos, pontos de vista, expectativas; uma decisão que muito vos dignifica e que introduz uma diferenciação importante na vossa área de formação.
Aproveito a circunstância para sugerir que outros cursos e turmas prossigam este exemplo de promover a publicação de trabalhos de alunos que tenham qualidade científica e literária. Que os docentes incentivem estas boas práticas. Que se recuperem as Revistas dos Alunos da Faculdade, publicadas sob a iniciativa dos Alunos e sempre com a colaboração da supervisão dos docentes, como foi prática durante tantos e bons anos. Que os órgãos de decisão da Faculdade apoiem e estimulem estas práticas – aqui fica este pedido.

3. Quero, sobretudo, valorizar a já referida dimensão testemunhal desta publicação, na qual podemos captar claramente os dispositivos anímicos, intencionais e prospetivos com que os mestrandos do Curso de Psicologia do Trabalho e das Organizações do biénio 2015-2017 se posicionam.

4. Tendo já realizado quase todo o académico letivo, teórico e prático da sua formação pós-graduada, e estando já no horizonte a inserção no mundo laboral e uma nova fase das suas vidas, é muito significativo que estes mestrandos/as se deixem mobilizar, de acordo com os seus testemunhos, pelos seus sonhos. De tudo o que li do vosso livro, o que mais me tocou, foi precisamente essa opção explícita e partilhada por todos. É mesmo admirável. Sim, porque em vez dos sonhos, os vossos moventes poderiam ser o dinheiro, o poder, o status, um bruto automóvel, ou outro benefício qualquer social e economicamente bastante mais apreciado. É caso para dizer: «Diz-me que sonhas, dir-te-ei da tua grandeza». E só com grandeza e profundidade se faz um Psicólogo, pelo menos um Psicólogo Organizacional e do Trabalho.

5. Fernando Pessoa, não por acaso tão reiteradamente presente no vosso livro, pôs no sonho o pedaço de nada que abre o mundo. Vale a pena recordá-lo:
«Não sou nada.
Nunca serei nada. 
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.»
(Álvaro de Campos, Tabacaria).

6. Mas, vejamos então, num breve conspecto e cingindo-me às vossas próprias palavras, o que sonhais, os vossos sonhos, e como eles se vivificam, também, no contacto com a vossa experiência académica, a vossa formação, o vosso curso, o vosso mestrado.
A Ágata vive com o sonho de «sonhar, sonhar sempre». Para ela, sonhar é sinónimo de «viver», algo que a revitaliza continuamente, mesmo perante as dificuldades e as incertezas.
Para a Eva, o sonho entronca no desejo de felicidade, não solitariamente, mas como algo que se consegue sempre em relação, com os outros…
Já para a Filipa, o sonho maior é feito de doação, de dádiva de si mesma, de modo a tornar os outros felizes. Por isso, integra no seu ser valores de humildade, de autenticidade, de autoconhecimento. Retoma a imagem do sol para exemplificar a doação que gera felicidade. A generosa luz do sol é como outra generosa presença solidária e amiga da mão estendida ou do braço que abraça.
Para o Joel e para a Sara, sonhar rima com «viajar». Não propriamente para lúdicas distrações, mas para saciar esse desejo de conhecimento, e de enriquecimento pessoal e profissionalmente. Procurar o diferente, medir-se a si mesmo pela resposta aos desafios do outro, seja este um lugar, uma pessoa, uma cidade, um país…
A Sofia traz consigo o sonho, ou a aspiração de encontrar a sua oportunidade de se poder realizar humana e profissionalmente na área de atividades para a qual se está a formar e a preparar. É certamente uma aspiração legítima, cuja concretização auguramos possa acontecer o mais rapidamente possível, bem como para todos os colegas.

7. Como facilmente se infere, de sonhos e expectativas está o texto profusamente cerzido. Sendo que, destas últimas – das expetativas – os seus autores manifestam um consciente conhecimento de como alcançá-las, das respetivas etapas, dos meios a utilizar, das oportunidades a explorar. A atestar esse conhecimento de causa, estão bem presentes no texto prolixas referências bibliográficas, qual lacre bem sólido da excelente preparação académica e científica de que são credores.

8. Um outro traço distintivo dos testemunhos vertidos nesta publicação, diz respeito à fina perceção da dimensão afetiva, sentimental e emocional de que frequentemente carece a abordagem do mundo do trabalho, do mundo das organizações e das instituições, sendo por aí que estes alunos fazem intenção de entrar o mais possível. Dado que é, precisamente, nesse registo da verdade do coração que eles identificam a essência fundamental do humano e do social naquilo em que o social reitera o humano. Também por esta declarada opção, a Faculdade se deve sentir regozijada, e honrada por tais alunos e por tal projeto, que assim os foi conduzindo.

9. Depreende-se deste opúsculo que todos estes jovens mestrandos revelam um inequívoco domínio das condições difíceis que no presente afetam o mundo laboral, no seu todo. Bem como do grau de incerteza que paira na atmosfera empresarial, pública e privada, e que vai toldando o semblante, mesmo dos mais otimistas. Possuem também uma consciência cristalina da enorme luta que terão que encetar pelo reconhecimento profissional do papel insubstituível do psicólogo organizacional nas empresas, nas instituições, nas organizações… Mas como contraponto, posso garantir que, pelo que li, nenhuma destas reticências os demove da sua convicção mais profunda: de que vale a pena esta formação académica porque sentem que está cheia de futuro. Um futuro que lhes alicerça a esperança. Por isso a vivem com tanta paixão, que no livro se manifesta, a transbordar.

Carlos Morais / FFCS – Católica Braga / 09 de junho 2017

terça-feira, 13 de junho de 2017

Palestra sobre o Budismo na Escola Secundária Martins Sarmento - Guimarães

No passado dia 09 de maio tive a grata possibilidade de proferir uma palestra na Escola Secundária Martins Sarmento, em Guimarães, sobre a temática do Budismo, a que assistiram várias turmas de alunos e também um grupo de docentes. A palestra tinha por título "O budismo: uma
espiritualidade entre Filosofia e Religião". A temática foi apresentada em dois momentos principais. O primeiro, centrado na identificação dos rasgos mais significativos do percurso existencial de Buda (Siddharta Gautama). O segundo momento foi focalizado no aprofundamento da espiritualidade budista, refletindo até que ponto os seus aspetos mais característicos a aproximam da atitude filosófica e da atitude religiosa.
À semelhança do que aconteceu noutras Escolas, também aqui notei uma adesão muito significativa a estas temáticas relacionadas com as culturas orientais e com o budismo em particular.
Foi muito gratificante ter reencontrado colegas, antigos alunos da então Faculdade de Filosofia, com os quais não contactava há muito tempo.
Esta palestra só se realizou devido as diligências generosamente realizadas pelo Dr. Eurico Silva, de quem partiu o convite na qualidade de Coordenador do Departamento de Filosofia da referida Escola. Por isso, agradeço-lhe penhoradamente todo o seu esforço, que culminou nesta iniciativa; na sua pessoa, envio também um agradecimento à Direção da Escola e a todos os Colegas e Alunos que estiveram presentes na sessão.
Carlos Morais

sábado, 11 de março de 2017

Turmas da Escola Sec. Carlos Amarante (Braga) visitaram a Faculdade. Ação de sensibilização para o estudo da Filosofia

Ação de sensibilização para o estudo da Filosofia

Realizou-se na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Univ. Católica (Braga), no passado dia 24 de janeiro de 2017 uma ação de sensibilização para o estudo da Filosofia. Esta ação teve como destinatários os alunos de três turmas do ensino secundário da Escola Secundária Carlos Amarante (ESCA - Braga).

Pretendeu-se despertar e fomentar vocações filosóficas junto dos mais jovens, bem como o enriquecimento da sua visão da Filosofia, conhecendo melhor as potencialidades da formação filosófica no mundo laboral. Foi também sublinhada a política da Faculdade quanto à oferta de bolsas de estudo a todos os alunos que se inscrevem no Curso de Filosofia, traduzindo-se esta bolsa numa propina mensal mais baixa do que a que é praticada pelas instituições de ensino superior estatal. Procurou-se, ainda, mostrar algumas das traves-mestras onde assenta a especificidade do ensino da Filosofia na Universidade Católica em Braga: as instalações, o ambiente humano, equipamentos, acervo bibliográfico, valores primordiais da formação, etc. A informação prestada não se cingiu apenas à oferta formativa da filosofia, antes abrangeu todas as áreas de formação da Faculdade, tendo sido distribuída documentação sobre todas as opções que a Faculdade oferece para o prosseguimento de estudos, após o secundário.

O Programa da ação incluiu: a visita guiada à FFCS; o visionamento de um documentário sobre a Filosofia e suas aplicações; breve palestra e diálogo de esclarecimento sobre a Filosofia na Católica de Braga.

A ação, organizada pelo docente Carlos Morais, contou com a inestimável colaboração das Professoras da ESCA, Drªs. Maria Beatriz Macedo, Ana Pereira e Goreti Mota e do Prof. Artur Galvão da FFCS.
A todos os que participaram nesta iniciativa - especialmente aos estudantes da ESCA - manifestamos a nossa gratidão.

> Fotos do evento: